Quando, em 1827, o imperador D. Pedro I instituiu o decreto que criou o ensino elementar no Brasil e, antes dele, lá pelos idos de 1549, com a chegada dos jesuítas, começamos a desenhar o papel do professor na sociedade. No início, o professor era aquele que catequisava. Com D. Pedro I, houve a definição dos espaços e de conteúdos relevantes para todas as escolas e divisor de águas para o crescente reconhecimento da importância do professor na formação escolar, na educação e no desenvolvimento social e econômico do país.

Hoje, ser professor não se limita à transmissão de informações dos livros didáticos e atestar o aprendizado com as tarefas de casa. Não é uma depreciação às épocas remotas do ensino, mas uma referência à dimensão dos desafios a que foram submetidos ao longo de décadas e décadas para construírem e assumirem a função de instigar, motivar, incentivar o conhecimento e a ousadia de preparar profissionais para atuarem no mundo real.

Os jovens deixam os bancos escolares mais ambiciosos, com projetos inovadores e tendo desenvolvido várias habilidades, como resiliência, liderança e maturidade emocional para enfrentar as pressões do mercado de trabalho. E esse crescimento pessoal é criado no contato diário com o professor, o mestre, aquele que inspira.

Os professores comemoram seu dia em 15 de outubro e a instituição do feriado foi um reconhecimento da importância desses profissionais, ainda no governo de João Goulart. É um bom exercício de memória afetiva nos lembrarmos dos nossos primeiros anos escolares, dos momentos de confrontação na adolescência e da maturação de nossas emoções na formação profissional.

O professor sempre esteve ali no palco, no papel principal, acompanhando e amparando o processo de educação. Muitas vezes assumem a função de “pais”, ora estimulando as novas ideias, ora definindo limites à atuação dos alunos. São eles, nossos mestres, que nos ensinam como nos tornarmos o que somos na idade adulta. São também eles
que, surpreendidos por uma pandemia se mostraram, mais uma vez, criativos e inovadores no enfrentamento e superação de adversidades. A Pandemia pelo coronavírus (covid-19) veio impor um enorme desafio aos professores e
instituições de ensino. O alto risco de contágio, a necessidade do isolamento social e de medidas sanitárias interromperam as aulas, fecharam as escolas e instalou o silêncio nos pátios.

Esse mais recente desafio reforça a imagem do professor na sala de aula e sua capacidade inesgotável de se reinventar: foram aprender como são as aulas online, como oferecer conteúdo diferenciado e usar a internet como uma aliada para atrair a atenção das crianças e jovens adultos, a maioria acostumada ao divertimento dos joguinhos online.

Não tem sido fácil, mas eles estão lá para preservar o frescor do primeiro dia em uma sala de aula. O ensino à distância continuará captando novos alunos, mas nada substitui a presença do professor e pouco importa em qual segmento atuem.

Os pequenininhos continuarão necessitando da “tia” para estender a mão à porta das escolas. Os mais descolados, já na vida adulta, não abrem mão daquele papo reto, “olho no olho” com seu mentor. Um viva aos professores!