Novas competências para um sucesso maior no século XXI

Os professores que estão desenvolvendo novas habilidades em função do uso de aplicativos para aulas a distância têm um novo desafio a ser vencido: identificar os instrumentos para auxiliar seus alunos a adquirirem as competências para século XXI. Esse debate não é novo, mas ganhou nova dinâmica com a disseminação do uso de tecnologias na educação. A Internet – um dos principais geradores de informações – torna disponível uma quantidade imensa de dados que, não necessariamente, se transformarão em conhecimento.

O que se percebe é uma mudança de enfoque na educação onde o professor passa a desempenhar também, o papel de curador, mediador e de filtro nessas informações na internet. Mais do que isso, devem ser treinados e preparados para lidar com alunos que querem mais participação, mais troca, mais dinamismo por parte da escola.

Não se trata, apenas, de ensinar conteúdos e matérias sobre Matemática, Português, Geografia, História, Filosofia. Os professores e as escolas devem se reinventar e incorporar a função de desenvolver um conjunto de competências para que os alunos se sintam preparados para a vida acadêmica, profissional, pessoal e em comunidade.

Em posts anteriores, falamos da importância do planejamento com a Taxonomia de Bloom, da gestão escolar, da influência da neurociência no aprendizado, de uma boa comunicação interna e externa e, agora, vamos focar nas competências e habilidades do século XXI. Existe uma série de estudos e artigos que definem essas competências. Em geral, as próprias escolas trabalham com competências que consideram importantes para uma transição equilibrada para o mercado de trabalho e inserção dos alunos na vida adulta.

Nesse artigo, vamos focar em cinco pontos: colaboração, criatividade, tecnologia, comunicação e resolução de problemas.

Os alunos devem ter clareza de que a colaboração e a boa comunicação são importantes pilares da boa convivência, quando se faz uma atividade entre dois ou mais indivíduos. Não chega a ser um conceito novo, mas a
compreensão do que significa ainda surpreende alguns. Afinal, trabalhar em cooperação pressupõe respeitar os limites de cada um e entender que devemos entregar o nosso melhor para o benefício de todos, que é o resultado do trabalho. Aqui, não se trata de afirmar “o que eu fiz”, mas sim “o que nós fizemos”.

A segunda competência é a criatividade. O aluno deve ser estimulado a imaginar, inovar, criar, falar sobre suas ideias sem censuras e julgamentos. Só a criatividade é capaz de gerar ideias bem-sucedidas e que façam a diferença entre seus competidores. Temos ainda a tecnologia, um desafio à parte. O treinamento, nesse caso, é para que se sintam capacitados a interagirem de forma amigável com as novas tecnologias, dominando o próprio veículo e também o bom uso das redes sociais.

Também chamamos a atenção para o desenvolvimento da capacidade de comunicação e de uma atuação assertiva na resolução de problemas. O mundo corporativo exige essa assertividade na comunicação, que não deve ser entendida com a capacidade de falar muito. Uma boa comunicação exige o exercício da empatia (de se colocar no lugar do outro) e o de saber ouvir. Os professores devem estar treinados para escolher as melhores formas de auxiliar os estudantes a desenvolverem essas competências.

Os alunos também deveriam ser treinados para desenvolver a habilidade de estabelecer sintonia com as outras pessoas com as quais estão se relacionando. É muito importante que conquistem confiança em suas próprias opiniões e a consciência de que devem, de fato, se aprofundar em seus conhecimentos.

É claro que a habilidade para resolver problemas vai se aperfeiçoando ao longo da vida, mas é fundamental que eles sejam submetidos a tarefas desafiadoras, que aprendam a pensar e raciocinar antes de oferecerem soluções a problemas complexos. Muitos textos defendem, por exemplo, que os estudantes devem ser provocados com exercícios de empreendedorismo e submetidos à análise de casos reais enfrentados por empresas e nas nossas relações pessoais.

O antropólogo e sociólogo francês Edgar Morin é um filósofo que, com seus 98 anos e mais de 30 livros editados, é apaixonado pelo tema educação. Ele se dedicou a pensar sobre como as escolas devem se preparar para os desafios do novo século. Estudou o assunto e definiu “Os sete saberes necessários à educação do futuro” que, na avaliação de Morin, devem ser observados em relação às mudanças na educação.

Em seu texto sobre o assunto, ele enumera essas competências de tal forma que, ao se interporem, formam um mosaico sobre a visão holística da existência humana. Ele fala dessas competências (cegueiras do conhecimento, princípios do conhecimento pertinente, ensinar a condição
humana, a identidade terrena, enfrentar incertezas, ensinar a compreensão e a ética do gênero humano) e chama a atenção para um aspecto muito importante, que nem sempre é considerado: “as futuras decisões devem ser tomadas contando com o risco do erro e estabelecer estratégias que possam ser corrigidas no processo da ação, a partir dos
imprevistos e das informações que se tem”.

Assim, podemos resumir que o conhecimento não é um produto pronto e acabado, mas sim construído ao longo do tempo. O que vale para hoje pode não se aplicar em futuro próximo. As escolas devem estar preparadas para essa revisão contínua de suas atividades e funções na sociedade.