A formação de líderes em educação e os desafios de uma escola de excelência

A formação de líderes em educação é, atualmente, a premissa básica para aqueles que querem criar uma escola de qualidade, uma escola em que você tem certeza que os pais vão querer matricular seus filhos. Essa é a opinião do professor e especialista em liderança educacional, Raymond Lauk. A experiência de Ray, como gosta de ser chamado, é resultado de décadas de dedicação ao estudo dos passos necessários para a criação de uma escola de excelência. Ele é doutor em administração educacional e professor da Concordia University, em Illinois, e do College Of New Jersey, em Bangkok.

Ray esteve em Brasília, essa semana, visitando instituições de ensino privadas, proferiu uma palestra para professores de escolas públicas de todo o Brasil, organizada pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), e conversou com o Instituto Integer.

O professor, que fala português com fluência, define com empolgação a necessidade, cada vez maior, das instituições de ensino se dedicarem a formação de líderes em educação. Segundo ele, atualmente não é suficiente o conhecimento técnico de diretores e professores e uma boa instalação dos pátios escolares. “ Como criar escolas de excelência, onde você tem certeza que seus filhos querem estudar, só tem uma resposta: criar líderes de qualidade”, afirma.

A formação de liderança educacional não é tão simples, ele reconhece. Exige de professores e diretores um perfil mais amplo, onde a qualidade técnica é apenas um dos requisitos. Ele cita o professor Thomas Sergiovanni, para quem um bom líder deve ter habilidades reconhecidas em outras áreas do conhecimento, relacionamento humano e clareza de um currículo relevante para os alunos. “Não basta o professor ser bom tecnicamente. Ele tem que ter outras competências”, comenta.

Sergiovanni relaciona cinco competências, que são complementares e garantem, na avaliação de Ray, a formação de líderes de excelência. E enumera: conhecimento técnico, práticas humanas, conhecimento da cultura local, sensibilidade para identificar o nível de satisfação dos professores e alunos e uma boa prática de liderança, considerando-se aspectos políticos, como a necessidade de interação com a comunidade.

Na opinião do professor Ray mais importante que o estímulo à competição é o envolvimento de todos os professores e até mesmo dos alunos na definição de processos. “Tem que haver comprometimento”, afirma. Esse envolvimento permite maior adesão às práticas da instituição. Os diretores, por exemplo, devem ter a percepção de que, em qualquer circunstância, são eles quem representam a escola. “Eles devem estar em concordância com a missão (onde estamos hoje) e a visão (onde queremos ir) da instituição”. “Se o professor ou diretor não está em concordância com a missão e visão da instituição, é melhor apagar a luz e ir para casa”.

A possibilidade de uma gestão compartilhada não significa que cada um pode fazer o que quiser. Pelo contrário, intensificar o diálogo exige comprometimento, honestidade e a criação de um ambiente de trabalho onde professores, alunos e diretores se importam com o que acontece na escola. Como não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, é fundamental o engajamento das famílias e das comunidades locais na definição de prioridades.